Despertar em fim
Despertar em fim O tempo seco, a garganta rasgando, o peito puxando o ar. Ela, Joana, estava assustada, esbaforida quase, ao sair do carro. A amiga, chamada Débora, que estava ao volante, não entendia direito. Apenas saíram do encontro do grupo de vizinhas e ex-vizinhas no meio da tarde e se atrasaram alguns poucos minutos para buscar as filhas de Joana. Não foi nem dez minutos a mais de atraso. Joana pegou as meninas e dispensou Débora com um aceno de mão na porta de saída da escola e com um breve e seco - “Obrigada, a gente vai a pé mesmo. É pertinho e é melhor! ”. Não entendendo direito, mas suspeitando, Débora volta até o carro, dá a partida e vai embora com a pulga atrás da orelha sem deixar de notar, ali perto, o carro do marido da esposa-mãe-assustada-esbaforida Joana com suas duas meninas, as três quase que correndo pela calçada fria. O marido não percebeu que tinha sido visto por Débora, mas estava lá na qualidade de observador policialesco dos passos de sua esposa. Déb...